A julgar do que lemos por aí, Manzanilla seria a irmãzinha do Fino, não fosse o fato de que

1. não tem nada de “inha” e

2. provavelmente ela é mesmo é a MÃE do Fino.

Atualmente, a diferença fundamental entre os dois é onde esses vinhos são “criados” – em que cidade permanecem as botas semi-preenchidas de vinho sendo transformado lentamente pela “flor”, a capa de leveduras que marca os dois estilos.

Só é Manzanilla o vinho que vive seu tempo de envelhecimento nas botas, as barricas de Jerez, na cidade de Sanlucar de Barrameda.

Sanlucar é como um balneário de veraneio para leveduras: nada para um pai de família Saccharomyces como criar seus quadrilhões de divisões genéticas à beira-mar, equilibrando o calorzinho do sol com a brisa marinha. É o sonho da bota própria.

Há quem diga que foi em Sanlucar que os produtores começaram a misturar vinhos de diferentes barricas e criaram o sistema de solera, em 1700 e la vai pedrinha.

Como se não bastasse, parece que também foi lá que uns 100 anos depois deram atenção à flor e criaram essas maravilhas divinas que a gente adora.

Agora, se ainda você não tem motivo suficiente pra admirar os Saluqueños, PENSA NUM LAGOSTIM BOM. Agora multiplica por três e vai procurar nos bares, à margem do Guadalquivir.

 

 

Veja nossa Seleção de Manzanillas

manzanilla: NA TAÇA

Sem mais devaneios, o que acontece em Sanlucar é que a temperatura é mais constante, por influência do Atlântico. Isso faz com que a vida das leveduras seja “mais fácil” e, portanto, elas se desenvolvam melhor.

Isso também faz com que os produtores possam “sacar” vinho mais vezes das barricas – em Sanlucar isso acontece até 12 vezes ao ano, enquanto em Jerez é comum que sejam duas ou três, apenas. 

O resultado é um vinho que equilibra delicadeza e leveza com intensa influência das leveduras. Seu nome provavelmente é uma referência à camomila (manzanilla em Espanhol) e isso tem tudo a ver com seus perfumes e sabores.

Daí que se você estiver começando nesse jogo, ou se quiser apresentar Jerez para alguém que não conhece ainda, a Manzanilla é uma excelente candidata a te ajudar…

Deu fome aí?

 

nossa seleção

 

Três vinhos com presença corrente no mercado brasileiro e mais um especial pra você procurar quando for visitar outro país.

la guita

Reza a lenda que o fundador da bodega produtora de La Guita sabia muito bem que tinha os melhores vinhos da região e, portanto, só vendia com pagamento na lata, à vista – aos compradores perguntava sempre:

“tiene guita (dinheiro)?”.

Daí o nome deste grande clássico da região, que traz um pedacinho de corda pra te lembrar (corda = guita — de onde “guitarra” 😲) .

Tienes Guita?

La Guita é um vinho de pago, de vinhedo único, produzido a partir do Pago de Miraflores, um dos mais importantes de Sanlucar. É um espetacular aperitivo, companhia para pratos saborosos e se desenvolve maravilhosamente bem na garrafa. 

 

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la gitana

La Gitana é produzida pela família Hidalgo a partir de uma parcela de um dos vinhedos mais importantes da região: “El Cuadrado”, na parte mais alta do Pago Balbaína, em Jerez.

O vinho se tornou famoso antes da marca existir, há mais de 100 anos: graças ao bar de uma cigana em Málaga, passou a ser pedido como o “vino de la gitana”. A família então decidiu engarrafá-lo e vendê-lo com o seu rótulo icônico e reconhecido em várias partes do mundo.

Manzanilla La Gitana

Os Hidalgo consideram que é a combinação da alta influência atlântica sobre o vinhedo e a posição das bodegas de envelhecimento, na parte baixa de Sanlucar, coladas ao rio Guadalquivir, o que faz com que esta seja uma das Manzanillas mais perfumadas de todas, com envelhecimento médio de 5 anos.

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viva la pepa

Onde cargas d’água já se viu um documento ter apelido? Aparentemente, na Espanha: “La Pepa” foi a Constituição Espanhola, uma das primeiras do mundo.

Comemorada certamente com boa dose de tragos pela população, no dia de São José de 1812 – daí o apelido, a Josefa, Pepa.

Esta Manzanilla, de Sanchez Romate, comemora este momento histórico – que por sinal não durou muito, ao contrário do final longo e vivíssimo de La Pepa engarrafada.  

Manzanilla Viva La Pepa by BBMPBR

Produzida em parceria com o almacenista Cuevas, em Sanlucar de Barrameda, La Pepa é volumosa, intensa, cheio de perfume, com idade média de 3 anos.

 

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solear manzanilla en rama

Um dos mais lindos projetos de Sanlucar vem das
Bodegas Barbadillo: se você pensar que todo ano Montse Molina engarrafa apenas quatro mil meias-garrafas, divididas em quatro “sacas”, uma em cada estação do ano, dá vontade de encomendar uma caixinha por temporada, no mínimo.

Manzanilla En Rama Solear Verano 2008

É na prática uma Manzanilla Pasada de uma pequena seleção de botas, com pouquíssima filtragem ao engarrafar. Envelhecem lindamente na garrafa e resistem fantasticamente quando abertas.

O Bernardo prometeu fazer uma resenha de várias sacas de Solear En Rama – podem cobrar na conta de Instagram dele.

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